- Voltamos?
- Sim!
O sol finalmente aparecia por entre as nuvens, após a chuva intensa da tempestade. Um arco-íris assomou-se e estendeu-se pelo oceano.
- Está completo!
- Como dizem os antigos: "não há arco-íris sem a chuva"!
Deram a mão e desceram pelo caminho que os levou até lá.
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- Pai, porque existem arco-íris?
- Pelo mesmo motivo que existem sorrisos.
- Vá lá, pai! A sério!
- Eu estou a sério! Já viste como há sorrisos tão belos? Que nos tocam o coração, que nos levam para uma outra realidade?
- Sim!
- De onde pensas que eles vêm?
- Das pessoas?
- Sim, da história que as trouxe até àquele momento. Da chuva das suas vidas, surgiu o sol e com ele a refração da luz nas gotas das suas lágrimas, que resultaram no seu sorriso.
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Tanto a menina, como o guerreiro, desciam em silêncio. Ambos estavam perdidos nos seus pensamentos, nos seus sentimentos.
- Pensava que eras um mestre como aqueles da televisão?
- Como?
O guerreiro começou a rir-se. A menina com ele...
- Não achas esses mestres chatos? Andam sempre tão sérios...
- Acho! Mas da forma como o meu pai falava de ti...
- Ah! O teu pai conheceu-me numa altura em que julgava que tinha de ser sério, que tinha de ter uma cara de impassibilidade perante a realidade. Pensava que isso era ser um mestre.
- E agora?
- Agora, acho que um verdadeiro mestre é aquele que já tirou tanta coisa sobre ele, tanta sujidade sobre o seu diamante, que agora só se preocupa em manter a sua luz, a sua paz, o seu amor, a sua essência.
- Tu és um diamante?
- Todos nós, Labsirdība.
O silêncio abraçou-os outra vez. Ela sorriu e olhou para ele. Ele também sorria, mas uma lágrima escorria-lhe pela cara.
Rui, o guerreiro ruim