Pesquisar neste blogue

28 março 2025

O regresso

- Voltamos?

- Sim!

O sol finalmente aparecia por entre as nuvens, após a chuva intensa da tempestade. Um arco-íris assomou-se e estendeu-se pelo oceano.

- Está completo!

- Como dizem os antigos: "não há arco-íris sem a chuva"!

Deram a mão e desceram pelo caminho que os levou até lá.

--

- Pai, porque existem arco-íris?

- Pelo mesmo motivo que existem sorrisos.

- Vá lá, pai! A sério!

- Eu estou a sério! Já viste como há sorrisos tão belos? Que nos tocam o coração, que nos levam para uma outra realidade?

- Sim!

- De onde pensas que eles vêm?

- Das pessoas?

- Sim, da história que as trouxe até àquele momento. Da chuva das suas vidas, surgiu o sol e com ele a refração da luz nas gotas das suas lágrimas, que resultaram no seu sorriso.

--

Tanto a menina, como o guerreiro, desciam em silêncio. Ambos estavam perdidos nos seus pensamentos, nos seus sentimentos.

- Pensava que eras um mestre como aqueles da televisão?

- Como?

O guerreiro começou a rir-se. A menina com ele...

- Não achas esses mestres chatos? Andam sempre tão sérios...

- Acho! Mas da forma como o meu pai falava de ti...

- Ah! O teu pai conheceu-me numa altura em que julgava que tinha de ser sério, que tinha de ter uma cara de impassibilidade perante a realidade. Pensava que isso era ser um mestre.

- E agora?

- Agora, acho que um verdadeiro mestre é aquele que já tirou tanta coisa sobre ele, tanta sujidade sobre o seu diamante, que agora só se preocupa em manter a sua luz, a sua paz, o seu amor, a sua essência.

- Tu és um diamante?

- Todos nós, Labsirdība.

O silêncio abraçou-os outra vez. Ela sorriu e olhou para ele. Ele também sorria, mas uma lágrima escorria-lhe pela cara.

 

 

Rui, o guerreiro ruim