Pesquisar neste blogue

27 março 2025

A caminhada

Sem se aperceberem, Labsirdība e o Guerreiro, tinham ultrapassado a aldeia e dirigiam-se para o topo da montanha.

- Talvez deveríamos ter trazido casacos mais quentes...

Ela olhou para o guerreiro assustada. O silêncio tinha tomado conta dos dois.

- Porque estavas a chorar?

- Os guerreiros não choram?

- Não quis dizer isso...

- Eu sei! Mas já ouviste isso, não ouviste?

- Sim!

- E qual é a tua opinião?

- Não sei...

- Pensa um pouco e responde-me... Quero saber a tua opinião.

Continuaram pelo caminho. O vento húmido e frio que vinha do vale, apertava cada vez mais. O cheiro da chuva, mais intenso.

Ela olhou para o Guerreiro e fechou os olhos, deixando-se levar por aquele homem que conheceu o seu pai.

O guerreiro apercebeu-se da entrega dela e manteve-a o mais segura possível naquela caminhada.

- Chove!

- Sim...

- As lágrimas são água que nos lava. Depois de um grande choro há sempre um sentimento de alívio. O guerreiro também sofre, também sente dor. Muitas vezes, porque sente que não é suficiente.

- E isso é mau?

Labsirdība abriu os olhos. À sua frente via o horizonte infinito do oceano. Lá em baixo, as ondas mostravam as suas cristas brancas a embater contra a rocha escura e polida dos anos que passam.

- Para mim é mau. Acho que nunca fui o suficiente para o meu pai...

A menina começou a chorar. Agarrou-se ao homem que segurava na sua mão...

Durante longos minutos ficaram ali. A chuva cada vez mais forte e, lá em baixo, onde os olhos se perdiam na distância, as ondas eram maiores.

Quando ela se acalmou e se afastou, o guerreiro confessou-lhe...

- Eu também!

 

 

Rui, o guerreiro ruim