Sem se aperceberem, Labsirdība e o Guerreiro, tinham ultrapassado a aldeia e dirigiam-se para o topo da montanha.
- Talvez deveríamos ter trazido casacos mais quentes...
Ela olhou para o guerreiro assustada. O silêncio tinha tomado conta dos dois.
- Porque estavas a chorar?
- Os guerreiros não choram?
- Não quis dizer isso...
- Eu sei! Mas já ouviste isso, não ouviste?
- Sim!
- E qual é a tua opinião?
- Não sei...
- Pensa um pouco e responde-me... Quero saber a tua opinião.
Continuaram pelo caminho. O vento húmido e frio que vinha do vale, apertava cada vez mais. O cheiro da chuva, mais intenso.
Ela olhou para o Guerreiro e fechou os olhos, deixando-se levar por aquele homem que conheceu o seu pai.
O guerreiro apercebeu-se da entrega dela e manteve-a o mais segura possível naquela caminhada.
- Chove!
- Sim...
- As lágrimas são água que nos lava. Depois de um grande choro há sempre um sentimento de alívio. O guerreiro também sofre, também sente dor. Muitas vezes, porque sente que não é suficiente.
- E isso é mau?
Labsirdība abriu os olhos. À sua frente via o horizonte infinito do oceano. Lá em baixo, as ondas mostravam as suas cristas brancas a embater contra a rocha escura e polida dos anos que passam.
- Para mim é mau. Acho que nunca fui o suficiente para o meu pai...
A menina começou a chorar. Agarrou-se ao homem que segurava na sua mão...
Durante longos minutos ficaram ali. A chuva cada vez mais forte e, lá em baixo, onde os olhos se perdiam na distância, as ondas eram maiores.
Quando ela se acalmou e se afastou, o guerreiro confessou-lhe...
- Eu também!
Rui, o guerreiro ruim