O barco vogou lentamente, seguindo a corrente, sem leme, sem remos, só com um pano enrolado a um canto...
- Um barco vazio?
A segunda sentinela olhou para o lado e encolheu os ombros.
- Não é melhor irmos ver?
- Achas, realmente, que esse barco apresenta um perigo para o melhor esquadrão do Rei Tyrann?
A primeira sentinela, contrafeito, aceitou o que o seu companheiro disse... Mas não deixou de olhar para o barco.
- Acho que se mexeu alguma coisa debaixo do pano!
A segunda sentinela fixou o olhar no pano...
- TEMPESTADE! ABRIGUEM-SE!
As duas sentinelas, ao ouvirem o grito de aviso, correram para a sua tenda, momentos antes de Sióg espirrar violentamente e levantar o pano sem querer...
- Como é que se costuma dizer? A sorte protege os audazes?
- Cala-te, Goath! Não tem piada nenhuma...
- Cobre-te! A tempestade vem aí...
- Como vamos ver o castelo no meio da areia?
O silêncio que antecede a tempestade intensificou-se... até que a areia surgiu como que numa explosão.
Os ventos fortes tentavam levantar o pano que Sióg teimosamente segurava com o seu corpo. O barco oscilava violentamente, como se as correntes tivessem mudado para montante. A areia acumulava-se, aumentando o peso da embarcação.
No acampamento, ouviam-se gritos de homens que viam as tendas voarem. Os cavalos há muito que não se ouviam.
O barulho dos gritos, da areia a fustigar o pano, aumentava o caos e Sióg só pensava como é que iriam chegar ao castelo...
Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim