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24 julho 2023

Tempestade

O barco vogou lentamente, seguindo a corrente, sem leme, sem remos, só com um pano enrolado a um canto...

- Um barco vazio?

A segunda sentinela olhou para o lado e encolheu os ombros.

- Não é melhor irmos ver?

- Achas, realmente, que esse barco apresenta um perigo para o melhor esquadrão do Rei Tyrann?

A primeira sentinela, contrafeito, aceitou o que o seu companheiro disse... Mas não deixou de olhar para o barco.

- Acho que se mexeu alguma coisa debaixo do pano!

A segunda sentinela fixou o olhar no pano...

- TEMPESTADE! ABRIGUEM-SE!

As duas sentinelas, ao ouvirem o grito de aviso, correram para a sua tenda, momentos antes de Sióg espirrar violentamente e levantar o pano sem querer...

- Como é que se costuma dizer? A sorte protege os audazes?

- Cala-te, Goath! Não tem piada nenhuma...

- Cobre-te! A tempestade vem aí...

- Como vamos ver o castelo no meio da areia?

O silêncio que antecede a tempestade intensificou-se... até que a areia surgiu como que numa explosão.

Os ventos fortes tentavam levantar o pano que Sióg teimosamente segurava com o seu corpo. O barco oscilava violentamente, como se as correntes tivessem mudado para montante. A areia acumulava-se, aumentando o peso da embarcação.

No acampamento, ouviam-se gritos de homens que viam as tendas voarem. Os cavalos há muito que não se ouviam.

O barulho dos gritos, da areia a fustigar o pano, aumentava o caos e Sióg só pensava como é que iriam chegar ao castelo...

 

 

Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim