- Misneach! Acorda! O rio divide-se em dois...
O espírito falcão acordou atarantado... Quando tinha sido a última vez que tinha dormido assim?
- Desculpem! Vou ver já...
O falcão elevou-se e começou a sobrevoar o rio e a sua bifurcação, aproveitando as correntes ascendentes do ar, apesar de não ser muito do seu feitio. Afinal, não era uma águia!!!
- Vês alguma coisa, Misneach?
- Vejo um castelo ao fundo!
- Então vamos pela direita, ou pela esquerda?
- Ambos vão lá dar!
- Qual é o mais seguro para nós?
- O da direita! O da esquerda tem um acampamento humano ao pé!
Assim que Sióg ouviu a direção, utilizou o leme para virar o barco para a direita. Mas, este estava preso! Ela empurou e empurrou, mas ele não cedia... Até que, ouviu um estalo e depois viu uma tábua a boiar.
- Parti o leme!
Sem remos, Sióg ainda tentou com as mãos virar a embarcação, mas sem sucesso! Lentamente, a corrente levava Sióg para a esquerda, onde estava o acampamento humano.
- E agora? O melhor é saltar e ir a pé...
- Pára, Sióg!
Misneach tinha pousado ao lado dela e tinha-lhe picado ao de leve no ombro.
- Páro?
- Vem aí uma tempestade de areia. Aproveitemos a oportunidade, para chegar ao castelo mais depressa e sem sermos vistos.
- Mas...
- Com a areia, os humanos, de certeza, que irão para dentro das tendas. Não nos vão ver...
- Mas nós também a vamos apanhar!
Ao ritmo da corrente, o falcão explicou à fada guerreira o seu plano e o silêncio caiu à volta de ambos. Ao fundo, o céu começava a cobrir-se com um véu fino de areia. No ar, já se sentia algumas partículas de pó.
Misneach transformou-se em pendente e Sióg deitou-se por debaixo do grande pano como fizera antes.
Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim