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08 junho 2023

A bifurcação

- Misneach! Acorda! O rio divide-se em dois...

O espírito falcão acordou atarantado... Quando tinha sido a última vez que tinha dormido assim?

- Desculpem! Vou ver já...

O falcão elevou-se e começou a sobrevoar o rio e a sua bifurcação, aproveitando as correntes ascendentes do ar, apesar de não ser muito do seu feitio. Afinal, não era uma águia!!!

- Vês alguma coisa, Misneach?

- Vejo um castelo ao fundo!

- Então vamos pela direita, ou pela esquerda?

- Ambos vão lá dar!

- Qual é o mais seguro para nós?

- O da direita! O da esquerda tem um acampamento humano ao pé!

Assim que Sióg ouviu a direção, utilizou o leme para virar o barco para a direita. Mas, este estava preso! Ela empurou e empurrou, mas ele não cedia... Até que, ouviu um estalo e depois viu uma tábua a boiar.

- Parti o leme!

Sem remos, Sióg ainda tentou com as mãos virar a embarcação, mas sem sucesso! Lentamente, a corrente levava Sióg para a esquerda, onde estava o acampamento humano.

- E agora? O melhor é saltar e ir a pé...

- Pára, Sióg!

Misneach tinha pousado ao lado dela e tinha-lhe picado ao de leve no ombro.

- Páro?

- Vem aí uma tempestade de areia. Aproveitemos a oportunidade, para chegar ao castelo mais depressa e sem sermos vistos.

- Mas...

- Com a areia, os humanos, de certeza, que irão para dentro das tendas. Não nos vão ver...

- Mas nós também a vamos apanhar!

Ao ritmo da corrente, o falcão explicou à fada guerreira o seu plano e o silêncio caiu à volta de ambos. Ao fundo, o céu começava a cobrir-se com um véu fino de areia. No ar, já se sentia algumas partículas de pó.

Misneach transformou-se em pendente e Sióg deitou-se por debaixo do grande pano como fizera antes.


Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim