- Estás muito calada, pequena Sióg...
- Não tenho nada para dizer, Goath.
- Não?
A pequena fada guerreira já entrara, com Goath, há um dia no Reino das Fadas do Sul e ainda não tinham visto vivalma. Mesmo a casa de Misneach estava vazia. As portas e as janelas estavam quebradas e o interior não estava muito diferente, com algumas manchas de sangue aqui e acolá...
- Pelo cheiro, esta casa foi abandonada há uns dias...
- Goath, encontrei aqui vestígios! Apesar do vento ter apagado, estes ficaram.
Junto a Sióg estavam marcas dos ferros que os humanos colocavam nos cascos dos cavalos.
- Humanos! A cavalo!
- Pelo estado da casa, as fadas não esperavam o que aconteceu.
- O que será que aconteceu?
No momento em que disse isso, Sióg reparou num montículo de terra com uma pequena escultura.
- Misneach!
A fada correu até lá e verificou a escultura... Era um barco feito de modo tosco, com uma boneca de palha representando a fada.
- Depositaram aqui as cinzas dela... Junto ao rio...
- Não tens culpa, Sióg!
- Tenho! Eu estou VIVA... ELA NÃO!
As lágrimas começaram a correr. Toda a dor que lhe aconteceu desaguou naquele momento. Com a fuga, o salvar Ádhamh, a reunião com a rainha... com os velhos sentimentos a voltarem... Sióg não tinha ainda tido tempo para chorar a morte de Misneach, nem de lhe fazer o luto, nem de sentir...
O sol já se punha no horizonte, quando Sióg acordou... Encontrava-se encostada a Goath.
- Dormi muito tempo?
- Não muito.
- É melhor pernoitarmos aqui, não é?
Levantou-se e dirigiu-se para uma cabana afastada da casa principal. Lá dentro só se via uma bancada, partida ao meio, e um armário caído. Verificou tudo e a um canto encontrou um pendente com a forma de um falcão.
- GOATH!
- Já vou, beag Sióg!
- Olha o que encontrei!
- O falcão!
- Será que posso convocá-lo?
- Só se o dono estiver morto...
Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim