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05 maio 2023

À deriva

- Tens o mesmo nome dela?

- Sim, é um facto!

- Mas...

- Primeiro, temos de sair daqui... Os humanos podem voltar!

Assim, que o disse, Misneach começou a bicar a tranca da janela, até a abrir...

- Eles veem aí!

- Como sabes?

- VAMOS!!!

Sióg e Goath tiraram o armário da frente, num misto de resistência com urgência, e abriram a porta. Uma coluna de pó erguia-se no horizonte...

- Por onde?

- Sigam-me!

Misneach começou a voar na direção do rio. Junto à margem, estava o barco em que Sióg tinha conhecido a fada do sul.

- Libertem o barco e escondam-se debaixo daqueles trapos...

- Mas assim não sabemos para onde vamos...

- VÃO!

Goath voltou a ser um pendente e Sióg colocou-o ao pescoço, antes de entrar no barco que já se escapulia, levado pela corrente.

- ALTO! Chegámos à casa que o comandante deu como referência!

Um grupo de 20 humanos, montados em cavalos, tinha acabado de chegar à casa. O barco seguia a corrente do rio, numa direcção desconhecida para Sióg...

- SARGENTO! Um barco à deriva!

- Tem alguém?

- Não!

- Deixa-o! Não podemos perder mais tempo! CABO! Monta o acampamento, precisamos de descansar, antes de ir apoiar o nosso comandante!

Sióg ainda ouvia o barulho da algazarra humana, mesmo já não os vendo. Misneach, entretanto, tinha-se juntado a ela...

- Eles vão pernoitar lá! Vão reforçar o contingente humano!

- Mas o que se passa?

- Uma longa história...

- Tens mais alguma coisa para fazer, é?

Misneach riu-se e, finalmente, conseguiu relaxar...

A corrente agora era mais calma. O barco percorria devagar aquelas águas cercadas por areia. As estrelas mostravam os caminhos e contavam os mitos de outrora... Ele podia, finalmente, descansar um pouco...



Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim