Pesquisar neste blogue

20 abril 2023

O silêncio

Os dias foram passando e a urgência de Sióg aumentava. Ela tinha de voltar ao Reino do Oeste.

Ádhamh, pelo seu lado, mostrava-se fechado. Era simpático e cordial, respondia sempre à fada, mas não contava nada.

- Porque ele não me diz nada, Goath?

- Ainda está a recuperar... O veneno do escorpião da areia é muito forte.

- Estranho como ele resistiu, não é?

- Sim. Mas, ele está a atrasar-nos, Sióg...

- Está?

O humano passava quase todo o dia sentado, com as pernas cruzadas de uma forma estranha, e de olhos fechados. As mãos mantinham-se no colo, sempre na mesma posição.

- Que está ele a fazer?

- Não sei. Porque não lhe perguntas?

Ao fim de três dias na caverna, Ádhamh levantou-se e foi ter com Sióg, que afiava a sua espada.

- Vamos? A rainha Gcroí não pode esperar mais!

- Mas...

- É urgente! Venerável Goath, podemos ir?

- Sim, claro... Sióg?

- Não hesitemos!

Arrumado o acampamento, Sióg e Ádhamh sentam-se no dorso de Goath. O alce motivado pela urgência súbita desatou a correr tão veloz como o vento que antecede a tempestade...

--

- Ádhamh! Ouves-me?

- Sim, minha mãe...

- Vem o mais depressa possível! Os humanos cruzaram agora a fronteira...

- ...

- Enviei um comité de receção! Deve-nos conseguir ganhar tempo! Vem!

- Sim, mãe... Irei!



Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim