Pesquisar neste blogue

25 abril 2023

O filho

- Ádhamh!

- Sim, mãe!

- Não sou tua mãe!

- És!

- Porque me chamas de mãe?

- Foste quem pegou em mim, quem me limpou as lágrimas, que festejou comigo, que me abraçou...


--

- Goath!

- Sim, Sióg?

- Nunca tinhas corrido tão rápido, como agora...

- Eu não corri...

Ambos olharam para Ádhamh. O humano estava a limpar as suas roupas.

- Que poder tens tu?

- Vamos, a rainha está à nossa espera!

Sem acrescentar mais nada, ele começa a correr na direção dos portões do castelo. Goath transforma-se em amuleto e Sióg segue-o a voar.

Os portões abriram-se assim que Ádhamh se aproximou, a General Bua veio recebê-lo e começou a acompanhá-lo. Sióg, apesar do seu estatuto de guerreira do Reino das Fadas do Oeste, foi mandada parar! Ela só podia entrar com autorização...

- Deixem-na entrar!

- Mas, senhor... É só uma guerreira de fronteira!

- Não, ela é a minha salvadora...

As sentinelas deixaram entrar Sióg e ajoelharam-se perante ela.

- Obrigado, fada guerreira!

Sem entender o que se passava, ela atravessou o portão e viu-se perante a famosa General Bua, a vencedora da Batalha dos Quatro Reinos. A fada que, junto com a rainha Gcroí, construiu cem anos de paz, até o ser humano aparecer...

- Ádhamh, tu és...

--

- Sióg, este é o meu filho...

A fada guerreira ficou espantada. À sua frente, e ao lado direito da rainha das Fadas do Oeste, estava um pequeno humano, com os dedos do nariz e a rir-se.

- Há algum problema, pequena guerreira?

- Não, minha excelsa rainha!

- Vais ensinar-lhe a lutar!

- Desculpe a ousadia, arquitecta da paz, mas... Porquê eu?

- Sabes, há coisas que só fazem sentido, quando olhamos para trás...



Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim