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27 abril 2023

A centelha

O pequeno humano demonstrava uma vontade acima do normal. Todas as técnicas que Sióg lhe ensinava, nunca eram suficientes. Cada vez que ele caia, ou não dominava uma forma de defender, ou atacar, ele levantava-se e só desistia pelo cansaço.

Sióg ensinou-lhe tudo o que sabia e tinha aprendido nas quezílias com as outras fadas e seres. Só não lhe tinha ensinado um truque secreto que passa de geração em geração, em cada família...

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- Desculpa, Sióg! Pensei que me tivesses reconhecido...

- Não! Passaram-se tantos anos... e o teu nome...

A General Bua intrometeu-se na conversa e reforçou a urgência da reunião com a rainha.

- Ela também vai, General!

- Mas, senhor...

- Ela sabe muita coisa sobre o que tem acontecido na fronteira!

O trio dirigiu-se para uma sala pequena e cheia de mapas, que se encontrava no topo da torre sul do castelo. Ali estava a rainha com os seus conselheiros e visionários. Montavam uma estratégia, para defenderem o seu reino contra os humanos.

Assim que viu Ádhamh, a rainha correu para ele e abraçou-o demoradamente.

- Meu filho!

- Mãe!

- Desculpa, deixei-me levar pelas saudades...

Depois de se recompor, a rainha olhou para o filho e leu nos seus olhos a dureza daquela missão. Ela viu o sofrimento e a dor, mas também uma centelha de vida.

Olhou para trás da general e viu a razão daquela centelha: Sióg... A pequena fada guerreira...

- Sióg, minha pequena fada!

No mesmo momento que o disse, abraçou Sióg.

- Obrigado!

A fada da fronteira ficou perplexa com o que ouviu e olhou para Ádhamh que fixava os seus olhos nela, de uma forma terna e vulnerável.

- Bem, já chega de emoção maternal! General Bua, relatório! Quero ouvir-te antes do meu filho e de Sióg!

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- Ensina-me o teu truque secreto!

- Não!

- Porquê?

- Porque ainda não viveste o suficiente para saber o que é o amor...

- Mas, eu amo-te, Sióg!

- És só uma criança... Um dia saberás!

Continuaram a olhar para as estrelas. Apesar da humidade, eles sentiam-se quentes, graças às telhas da torre sul.

Ali olhavam as constelações e sonhavam. Um com aventuras, a outra com a glória de ser uma guerreira de elite...



Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim