A noite aproximava-se. Os pirilampos esvoaçavam à volta dos arbustos e plantas. O cheiro a humidade elevava-se do chão musgoso da floresta.
Sióg observava tudo isto sentada no alce Gaoth. Deixava-se maravilhar com aquelas luzinhas e com os últimos raios quebrados e fracos do sol, por entre as árvores.
- Meu seanchara Gaoth! Quanta paciência tens comigo...
- Temos de ir, beag Sióg! Temos de entregar a mensagem à banríon na Gcroí.
- Sim, a rainha Gcroí espera-nos...
Agarrada às hastes do velho alce, a fada seguiu o seu caminho pelo meio da floresta Foraoise Ársa. Há muitos dias que caminhavam juntos, em direção do reino das Fadas do Oeste.
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- Mam! Daidí! Onde estão?
À sua volta, só as cinzas restavam. Um fogo consumira grande parte da floresta onde Sióg vivia. Muitas fadas perderam as suas casas.
A pouco e pouco, os Humanos conquistavam terreno e mostravam-se indiferentes com a destruição que criavam.
- Sióg! Estamos aqui!
- O que se passou?
- Os humanos! Começaram a cortar as árvores antigas há uns meses e agora queimam o que já não lhes serve, para criarem pastos.
Sióg olhava à sua volta e só conseguia ver as outras fadas a carregarem as carroças com o pouco que lhes sobrara.
- Vamos para o reino das Fadas do Norte, Sióg! Decidimos, hoje, ir ter com os nossos primos.
- Porque não esperaram por mim? Eu posso levá-los para o reino das Fadas do Oeste.
- Para onde pensas que os humanos se dirigem, minha iníon?
- Tenho de voltar e avisar a rainha Gcroí!
- Não vens connosco?
- Não posso, mam. Os meus deveres de trodaí obrigam-me a ir relatar o sucedido.
A mãe de Sióg, antes de lhe dizer algo, olhou para o pai e para as irmãs e irmãos, como se a pedir permissão. Havia algo que ela segurava na mão e que pretendia oferecer à sua filha.
- Sióg, nós compreendemos. Já não resta nada do nosso reino das Fadas do Leste. Só refugiados.
- Mam, daidí, deartháireacha e deirfiúracha... Desculpem! Mas, tenho de ir...
- Nós sabemos, minha iníon! Mas antes queríamos dar-te isto?
A mãe abriu a mão. Era um pendente com o símbolo de um alce.
- Leva! Este é o pendente de Gaoth, o alce do vento. Se um dia, na tua viagem, precisares de ajuda e pedires com muita fé, ele aparecerá.
- Mas, mam...
- Pega e vai... Corre com o vento e leva a mensagem de destruição à tua rainha.
- Mam...
Enquanto as lágrimas escorriam pelos olhos de Sióg, a família dela partia...
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- Vamos, Gaoth. Ainda temos algumas horas até lá chegar...
Rui M. Guerreiro, o guerreiro ruim