Vón fecha os olhos e acena que sim.
- Oh, Vón! Mas que raio de mulher és tu? Não tarda, casas-te e depois? Que será de ti?
- ...
- Vá, vamos lá!
A adolescente segue calada a filha da parteira.
Enquanto caminha, decide que não se vai casar. Que não precisa de um homem para nada. Que odeia casamentos.
Afinal, para que servem? Para se ter filhos? Para sofrer? Para mantê-los e rezar que nenhum morra?
Ela ainda se lembra de ver o pai, a chorar na campa do irmão.
*
Estava a nevar como hoje. O outono ainda mal tinha acabado e os primeiros flocos já caiam. As noites começavam cada vez mais cedo.
A mãe já dormia, na cama, ainda a recuperar do parto do bebé e da dor da morte dele ao nascer.
Vón fingia, porque acreditava que se fingisse com muita força que conseguiria dormir.
O pai mexia-se...
Passado um tempo, o pai levantou-se e deslizou pela casa até à porta. Olhou para trás e saiu.
Vón levantou-se e foi atrás. Onde iria o pai àquela hora?
Não teve que ir longe. Junto à árvore onde os pais se tinham conhecido pela primeira vez, ali mesmo a poucos metros da casa, estava uma pequena campa.
O grande e forte pai de Vón estava prostrado perante um monte de pedras com as runas do nome do bebé: Vordur.
O bebé seria o guardião da família. Um verdadeiro guerreiro. Mas as deusas e os deuses criaram outro destino...
- Fadir!
Ele virou-se. Olhou para Vón. Abraçou-a e inundou-a com a dor que guardava no coração.
*
- VÓN! VÓN! Acorda menina pateta! Chegámos!
- Sim! Desculpa!