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12 abril 2019

O primeiro assalto


- Costumas sonhar?
- Pesadelos.
- Parecem reais?
- São reais!

*

No momento em que piso a clareira, surgem três gigantes à minha frente. Ficamo-nos a medir durante um instante.

No momento em que se houve um trovão, a chuva começa a cair. Intensa, grossa... O chão rapidamente fica empapado, assim como a minha roupa.

O primeiro lança-se com a sua bisento. Desvio-me e ele acerta no chão. Aproveito a oportunidade e subo pela alabarda acima.

Sempre a correr, quando ele levanta a arma, salto e enfio as duas sais no meio da testa. Ele sacode-me com uma das mãos e sou projetada para o chão empapado.

Entretanto, um dos outros gigantes ataca-me com uma kusarigama, espetando a parte da foice mesmo ao meu lado. Só tenho tempo de rebolar, no momento em que a puxa e atira-me com o peso.

O terceiro gigante baixa uma kanabo sobre mim. Mas falha. Olho para cima e vejo-o a cair.

Fujo a gatinhar e encosto-me a uma árvore na orla da clareira, enquanto o pesado corpo cai, onde eu estava.

- Desculpa o atraso, deixei-me dormir!
- ...

Assim que me apercebi, já o guerreiro se agarrava ao peso da kusarigama. Aproveitava a força do gigante ao puxar, para se lançar com a katana em riste e enfiá-la no meio da testa.

O primeiro gigante estava baralhado com a situação. Aproveitei-me. Subi a árvore e saltei para cima dele. Quando se apercebeu, rodou com o braço esquerdo levantado e eu aproveitei para atirar uma shuriken para o olho esquerdo.

A mão foi automaticamente para o olho e eu subi pelo braço até ao coração. Aí, por entre as malhas da armadura enfiei a wakizashi que trazia.

*

À nossa frente estavam os três corpos estendidos. Estávamos lado a lado. Ofegantes.

Olhei para ele.

Sem me olhar, ele agarrou-me na mão.

- Estou aqui!
- Eu sei. Mas...
- Amo-te!
- ...

A força com que me apertou a mão disse-me para calar.

Apreciei aquele momento. A chuva lavava-nos o sangue. As lágrimas que escorriam nos nossos olhos.

A mão dele na minha. O coração dele no meu. Olhámo-nos. Ainda mal tinha começado.

Rui M. Guerreiro