- Estou aqui! Fazemos isto juntos.
- Sim.
- Já me podes dizer qual o segredo para vencer a velha?
- Ainda não!
*
- Sabes que te amo muito, não sabes?
- Claro que sei... Que disparate!
- Então, desculpa.
- ...
Ele desmaiou, sem perceber o que aconteceu. Eu não poderia arriscar a vida dele. Esta luta sempre foi minha. Ela foi minha mestre, professora. Sou eu quem a tem de a matar.
*
A viagem, ao contrário do previsto, correu sem incidentes. Percorremos uma longa floresta, onde os animais não faziam barulho. Onde só ouvíamos o roçagar de roupas por entre as árvores, de quando a quando. Os assassinos vigiavam-nos.
O guerreiro tinha razão. Ela não precisava de nos desgastar. A viagem. A nossa cabeça tratava disso por ela.
Nunca senti tanto medo, tantas dúvidas, como agora. Quanto mais próxima estava da cabana da velha, mais se intensificava estes sentimentos.
Nem o amor do guerreiro, pelo guerreiro, me tranquilizava. Só via destruição no meu futuro. Só via dor.
Eu não queria nada disto para ele. Esta era uma prova que eu tinha de suplantar sozinha.
Apesar de ele me querer ajudar e de eu reconhecer como ele é um poderoso aliado, eu precisava de fazer isto sozinha. Por mim!
Eu tinha enfrentar o meu passado, quebrar com ele, para poder criar um futuro. Tinha de mostrar ao medo que não me venceria.
Foi por esse motivo que lhe dei aquele soporífero. Ele agora não me poderia seguir. Eu tinha de lutar com todas as minhas forças contra a mulher que criou esta máquina assassina que eu sou.
Tudo iria acabar ali. De uma forma ou de outra.
Morresse ou não morresse, tudo acabaria ali...
*
Olhei para trás, antes de entrar na clareira, no sopé da montanha que se elevava atrás da cabana. O frio aumentara. As nuvens permaneciam presas nos picos. O vento parara. Estava no olho da tempestade.
O corpo do guerreiro estava deitado numa gruta que o tronco da árvore tinha criado dentro de si. A natureza protegê-lo-ia.
Dei o meu primeiro passo...