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27 março 2019

A resolução



- Eras uma shinobi? Uma assassina?
- E não só...
- ...
- Também espiava.
- ...

*

O caminho alongava-se. A aldeia já tinha ficado para trás, assim como a baía.

Fugíamos do passado. Mas sem um rumo para o futuro. Simplesmente sabíamos que tínhamos de continuar a andar. Fugir.

*

À medida que caminhávamos, a temperatura descia. As sombras alongavam-se. O silêncio pesava.

Algo mudava à nossa volta.

O guerreiro estava tenso. Segurava a bokuto enquanto olhava para os lados.

Ele já previa o que iria acontecer.

*

Das sombras surgiram três dos meus monstros. Há muito que eles não apareciam.

Mas desta vez, vinham mais armados. Sabiam que a luta seria a dois...

*

O guerreiro desembainhou a bokuto. Olhou para mim.

- Estou aqui!

Assenti. Pisquei-lhe o olho e sorri. Peguei nas sai.

*

Os monstros pegaram nas suas armas. A respiração deles era pesada. Ouvia-se.

O olhar do guerreiro mudara. Tornara-se mais frio.

E foi nesse instante, em que o observava, que o vi a partir para o ataque.

A velocidade dele sempre me impressionara. A forma como ele corria. Quase que voava sobre a terra.

O primeiro monstro caiu sem perceber o que lhe tinha acontecido. Os outros ficaram admirados com a velocidade e eficácia do ataque.

Aproveitei aquele momento de indecisão, para atacar o que mais próximo estava de mim. Com um salto consegui espetar as duas sai no pescoço e cair com o corpo pesado a quem tinha tirado a vida.

O terceiro monstro, ao ver-nos aproximar dele, olhou para os seus companheiros e fugiu.

*

O guerreiro ficou a olhar para mim. O sangue do monstro escorria-me pelo rosto e mãos.

- Estou farta de fugir!

Guardei as sai e comecei a andar de forma determinada para a baía.

- Mas porque voltas?
- Porque há armas que preciso para enfrentar o meu passado!
- ...

Ele juntou-se a mim. Sabia que lhe devia dar uma explicação... Mas a urgência que sentia em mim, ultrapassava qualquer vontade de explicar.

Sabia que tinha de voltar ao meu esconderijo na baía e o mais rápido possível.

*

- Onde vamos?
- Ao meu esconderijo na baía!
- Já lá estive, não estive?
- Sim.
- Aquele tempo todo de ausência...
- Estive sempre ao pé de ti.
- ...

Rui M. Guerreiro