O dia começa... indiferente ao que tu és, estás...
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As águas, depois de uma tempestade, trazem memórias. Restos de vidas inteiras. Completas. Partidas. Agora. Despojos do passado.
Um dia encontrei uma garrafa de vidro. Lá dentro um barco, com nome de Esperança.
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Era de noite. Tinha de matar o dono de um barco. O nome não me interessava. Só me importava que a minha katana se alimentasse...
Aquela velha, fez-me pagar um preço alto, pela minha "liberdade" do Xógum.
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Subi a paliçada. Esperei pela sentinela. Saltei e cortei-o de alto a baixo. Quando caí no chão, enfiei a katana no baixo-ventre e torci.
Corri até à parede. Escondi-me na sombra. Apareceu outra sentinela...
Em silêncio. Dei um passo. Cortei a cabeça num só golpe.
Abri a porta. Entrei na escuridão da casa. Passei pelos corredores. Suavemente. Até chegar ao quarto.
Preparei a minha katana... Entrei.
Vazio!
Olhei para um lado e para o outro, para pensar.
Voltei ao corredor. Abri todas as portas... Nada! O homem não estava ali.
Saí da casa.
Reparei num pequeno edifício junto aos juncos, por onde passava uma ribeira.
Corri para lá, com a katana na mão. Preparado para qualquer sentinela, guarda, que aparecesse.
Parei em frente da porta. Abri e entrei. Lá dentro, um homem velava uma criança.
O homem chorava de joelhos. A criança estava deitada num barco cheio de flores. Sorria. O seu corpo dormia. Descansava de uma vida curta.
Na mão do homem, estava uma garrafa de vidro. Lá dentro um barco, com o nome de Esperança.
Olhou para mim.
- Que fazemos, quando a nossa esperança morre?
Guardei a katana. Já se tinha alimentado.
Olhei para os olhos do homem. Apesar de respirar, algo tinha morrido nele. Alguém já tinha feito o meu trabalho.
Virei costas e parti. O homem voltou a olhar para a criança e chorou.
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Agora, despojos desse passado vinham ter comigo. Esperança. O que fazemos quando a nossa esperança morre?